Cirurgia da Obesidade

O que é obesidade?

A obesidade resulta do acúmulo excessivo de gordura que excede aos padrões estruturais e físicos do corpo. A Obesidade também pode ser definida como um aumento de peso às custas de tecido gorduroso.

No passado longínquo a comida era rara e o homem pré-histórico gastava muita energia para consegui-la. Havia uma grande atividade física constante, ou no sentido do homem fugir de algum animal maior que o quisesse como refeição ou correr atrás de algum animal menor para comer. Eram tempos de escassez. O homem moderno tem comida em abundância, os alimentos são hipercalóricos e de fácil digestão e o sedentarismo é o “mal do mundo moderno”.

Nos últimos anos, observou-se um aumento preocupante da obesidade no Brasil e no mundo. Hoje, 65 milhões de brasileiros, quase um terço da população, estão acima do peso, 14 milhões estão obesos e 4 milhões estão obesos mórbidos.

Causas da obesidade

A obesidade resulta da interação de múltiplos fatores cuja origem envolve componentes genéticos, endocrinológicos, metabólicos, comportamentais, psicológicos e sociais.

Pesquisas mostram a relação entre herança genética e obesidade. Normalmente, pais com peso normal têm em média 10% dos filhos obesos. Quando um dos pais é obeso, 50% dos filhos certamente o serão. E, quando ambos os pais são obesos, esse número pode subir para 80%. Porém a principal causa de aumento da obesidade no mundo ocidental está no nosso estilo de vida, marcado por uma dieta alimentar hipercalórica e pelo sedentarismo.

Os maus hábitos alimentares e a falta de atividade física fazem o organismo acumular mais gordura do que necessita, causando obesidade e doenças associadas à ela, como diabetes, hipertensão arterial, esteatose hepática (gordura no fígado), doenças osteoarticulares, alguns tipos de câncer (mama, intestino, endométrio), infarto apnéia do sono, entre outras. Essas doenças são chamadas de comorbidades e aumentam em muito a taxa de mortalidade e diminuem a expectativa de vida destes pacientes.

Classificação e o IMC

O grau de obesidade é definido calculando o Índice de Massa Corpórea. Existem indivíduos com sobrepeso (IMC entre 25 e 29.9) e os que têm obesidade (IMC >30). Quanto maior o grau da obesidade, mais severa é a doença e maiores complicações à longo prazo. Para aqueles que têm Obesidade mórbida definida por índice de massa corpórea acima de 40, já apresentam risco maior de morrer e desenvolver doenças, comparados aos indivíduos com mesma idade porém com peso normal.

O tratamento da obesidade é sempre clínico e deve ser mantido para toda a vida. Obrigatoriamente o paciente precisa mudar seus hábitos, mudar a sua rotina. O paciente precisa aprender a alimentar-se corretamente. Escolher alimentos que causem saciedade e que tenham poucas calorias. Chamamos isso de reeducação alimentar.

O paciente precisa ter atividade física diariamente para queimar suas reservas e assim evitar que haja armazenamento do excesso de calorias na forma de gorduras.

O paciente precisa estar em estado de equilíbrio psicológico para evitar o “comer compulsivo “, ou seja, comer continuadamente mesmo sem necessidade psicológica.

Em resumo, é necessário uma “reeducação tríplice” (alimentar, física e psicológica) para conseguir emagrecer com saúde.

Estudos estatísticos mundiais comprovaram que o tratamento clínico só funciona bem até certo peso, ou seja, pacientes com sobrepeso ou obesidade grau I. Pacientes severamente obesos não tem boa resposta com tratamentos conservadores à base de dietas e medicamentos, perdendo pouco peso ou reengordando com facilidade, não conseguindo manter perda de peso efetiva e duradoura à longo prazo. Isto leva a um fenômeno popularmente conhecido como “efeito sanfona”. Os pacientes com obesidade mórbida devem portanto ser encarados como portadores de uma doença séria, que ameaça a vida, reduz a qualidade de vida e a auto estima, e que requer abordagem eficiente para promover redução do peso de forma definitiva.

Considera-se desde o Consenso do NIH (National Institute of Health) de 1991 que o único tratamento eficaz para o obeso mórbido (IMC >40) seja a Cirurgia Bariátrica.

Ameaça à Saúde causada pela Obesidade Mórbida

A obesidade mórbida traz consigo um aumento do risco de uma expectativa de vida mais curta. Para pessoas cujo peso excede duas vezes seu peso corporal ideal, o risco de uma morte prematura é dobrado em comparação às pessoas que não são obesas. O risco de morte por diabetes ou ataque cardíaco é de cinco a sete vezes maior. Além disso, uma morte prematura não é a única conseqüência em potencial. Efeitos sociais, psicológicos e econômicos decorrentes da obesidade mórbida, embora injustos, são reais e podem ser especialmente devastadores.

Indicações Cirúrgicas

Independentemente das técnicas utilizadas, as cirurgias bariátricas são indicadas para as seguintes situações:

Em relação à massa corpórea:
a) IMC > 40 kg/m2, independentemente da presença de comorbidades.b) IMC entre 35 e 40 kg/ m2  na presença de comorbidades. c) IMC entre 30 e 35 kg/m2 na presença de comorbidades (indicações mais restritas como diabetes). As doenças precisam ter, obrigatoriamente, a classificação “grave” por um médico especialista na respectiva área da doença. Também é obrigatória a constatação de “intratabilidade clínica da obesidade” por um(a) endocrinologista.

Em relação ao tempo da doença:

Sempre que o paciente apresentar IMC e comorbidades em faixa de risco há pelo menos dois anos, além de ter realizado tratamentos convencionais prévios e tido insucesso ou recidiva do peso, verificados por dados colhidos no histórico clínico do paciente. Essa exigência não se aplica: em casos de pacientes com IMC maior que 50 kg/m2 e para pacientes com IMC entre 35 a 50 kg/m2 , com doenças de evolução progressiva ou risco elevado.

Em relação à idade:
a) Abaixo de 16 anos: não há estudos suficientes que corroborem essa indicação, com exceção aos casos de Prader-Wille ou outras síndromes genéticas similares. Nessas situações excepcionais, o paciente deve ser operado com o consentimento da família.b) Entre 16 a 18 anos: sempre que houver indicação e consenso entre a família e a equipe multidisciplinar.
c) Entre 18 e 65 anos: sem restrições quanto à idade.

d) Acima de 65 anos: avaliação individual pela equipe multidisciplinar, considerando risco cirúrgico, presença de comorbidades, expectativa de vida, benefícios do emagrecimento.

A indicação da cirurgia, assim como o tipo e técnica a serem adotados, envolve um trabalho de planejamento individualizado e multidisciplinar – com cirurgiões, psicólogos, endocrinologistas, nutricionistas, entre outros profissionais.

O que esperar da cirurgia?

A perda de peso que ocorre após a cirurgia reduz as complicações associadas com a obesidade e garante uma maior qualidade e expectativa de vida.

Os objetivos da cirurgia são:

  • Atingir uma perda de peso adequada;
  • Controle e até cura das doenças associadas (ou comorbidades);
  • Evitar complicações operatórias;
  • Manter esse novo peso por toda a vida;
  • Evitar os efeitos colaterais da cirurgia;

Riscos e complicações

Toda cirurgia pode apresentar riscos, inclusive risco de morte. Atualmente as publicações médicas referem um risco de morte desta operação entre 0,2 a 0,4 % ( 2 a 4 casos em mil cirurgias), desde que as operações seja realizados por equipes experientes em hospitais de bom porte. Isto é equivalente a uma cirurgia de risco pequeno, porém presente.

Complicações também não são comuns, mas podem ocorrer em torno de 1% dos casos.

Entre as complicações que mais preocupam o cirurgião estão a trombose venosa profunda que é o entupimento das veias da perna, pneumonia (infecção no pulmão); atelectasia (quando parte do pulmão murcha e não quer se expandir); e finalmente a fístula (quando há o extravasamento do conteúdo intestinal ou do estômago por uma abertura das costuras feitas durante a cirurgia) que, de todas as complicações é a que mais preocupa o cirurgião.

Diversos cuidados são realizados como fisioterapia respiratória e motora, deambulação precoce, uso de meias elásticas, dieta líquida fracionada para minimizar esses riscos a quase zero.

Acompanhamento multidisciplinar

Por motivos desconhecidos (genéticos, hormonais, psicológicos, marketing) os pacientes obesos mórbidos tem na comida a maior fonte de prazer de suas vidas. A cirurgia bariátrica de uma forma ou outra destrói essa fonte, ou porque tira a fome (Bypass) ou dificulta a entrada da comida (Gastrectomia Vertical ou Banda Gástrica). O paciente precisa estar preparado para “trocar a fonte de prazer” depois da cirurgia. Antes de operar o paciente precisa ser psicologicamente preparado para essa “busca de uma nova fonte de prazer”.

O acompanhamento pré e pós-operatório com a equipe multidisciplinar composto por médicos, psicólogos e nutricionistas é muito importante para que a cirurgia seja realizada com sucesso.

Essa nova condição tem exigências que contam com a motivação do paciente bariátrico para o desenvolvimento de um estilo de vida diferente. O paciente passa a ter que tratar seu corpo, frente às mudanças que se sucedem rapidamente, aprendendo novos hábitos de vida e diante do que costuma se referir: “tenho uma vida nova”. Mudanças psicológicas significativas são observadas como resultantes das rápidas mudanças corporais vivenciadas após a cirurgia.


A reeducação alimentar com alimentação saudável aprendidas antes da cirurgia e aplicadas no pós operatório estão diretamente relacionados aos bons resultados cirúrgicos com perda de peso adequada e mantida a longo prazo.

Como a cirurgia fornece a diminuição da fome (ação hormonal) e fornece a saciedade precoce (ação principalmente hormonal e um pouco mecânica), o paciente ganha poderosos aliados para poder fazer a reeducação para o resto da vida.

Na realidade a cirurgia não é uma mágica, ela funciona como uma ferramenta que proporciona a pessoa a perder peso e com essa perda poderá fazer várias coisas que hoje esteja impossibilitada, além de melhorar as condições de saúde.

No caso das pessoas que passam pela cirurgia bariátrica a prática de exercício traz resultados ainda mais impressionantes. A atividade física é fundamental e seus benefícios vão muito além do emagrecimento, fazendo parte da mudança no estilo de vida.

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Dra Fabiana Franca

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